quinta-feira, 11 de julho de 2019

Artigo publicado no jornal Correio do Estado

https://www.correiodoestado.com.br/opiniao/mateus-boldrine-abrita-e-fabio-edir-dos-santos-costa-a-importancia/356365/


ARTIGO

Mateus Boldrine Abrita e Fábio Edir dos Santos Costa: A importância da inovação e das universidades

Professor e Reitor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, respectivamente

9 JUL 19 - 02h:00

Um ponto importante para os países da América Latina é promover um incentivo, no sentido de fomentar setores e produtos com elevados conteúdos tecnológicos, maior valor agregado, alta demanda mundial e que tenham ganhos de produtividade. Esses fatores podem favorecer a formação de um círculo virtuoso de crescimento, possibilitando o desenvolvimento socioeconômico.
Os sistemas de inovação têm se mostrado elementos basilares e sustentáculo para o desenvolvimento econômico dos países desenvolvidos. Diversas pesquisas têm apontado que buscar um sistema nacional de inovação “maduro” é muito relevante para que determinada economia consiga alcançar o nível de renda dos países mais ricos.
Mas, afinal, o que é um sistema de inovação? De um modo geral, sistema de inovação é uma criação e fortalecimento institucional para a cooperação, aprendizado e interações que promovam um ambiente favorável à geração e difusão de novas tecnologias. Ou seja, esta construção institucional pode propiciar um ambiente inovativo que auxilie a estrutura produtiva.
Nesse contexto, o Corredor Bioceânico, também conhecido como Rota de Integração Latino-Americana (Rila), que busca diminuir a distância entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile em relação a Ásia, constitui uma janela de oportunidade para o desenvolvimento. Esse corredor de transporte até os portos do pacífico pode contribuir para elevação da competitividade do setor produtivo, reduzir custo e tempo, fomentar o turismo e a economia criativa e suscitar um movimento de carga e de passageiros mais eficaz. Entretanto, talvez o mais importante seja a janela de oportunidade para estimular o desenvolvimento de projetos de integração e cooperação produtiva e inovativa entre os países.
Deste modo, a Rede Universitária da Rila (UniRila) tem extrema relevância. Essa rede, da qual a Uems é integrante, é composta por universidades do Brasil, Argentina, Chile e Paraguai com propósito de promover a integração. Essas interações possibilitarão a criação e fortalecimento de uma rede entre universidades, institutos de pesquisa, órgãos dos governos e empresas com o objetivo de gerar, absorver e difundir inovações tecnológicas, por meio de cooperação, aprendizado, trocas informacionais e experiências. Com isso, é possível auxiliar no fortalecimento dos arranjos produtivos ao longo da rota, com possibilidade da criação de sistemas inovativos para a promoção do fortalecimento da produção, buscando maior valor agregado, novas formas de organização, novos modelos de negócio e demais novidades que elevem a competitividade, lucratividade e empregabilidade.
Esta estratégia de fortalecimento institucional para promover a cooperação, inovação e eficiência ganha ainda mais destaque quando está em pauta o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Certamente, este acordo pode ser uma grande oportunidade para os países envolvidos. Contudo, a possibilidade de “perdermos” em vários setores aos quais somos menos competitivos também é um risco relevante, principalmente se ficarmos “acomodados”.
É importante destacar que as universidades estão preparadas, cumprindo sua missão. E estão prontas para que, por meio do conhecimento nela gerados, fomentem, junto das demais instituições, governo e setor produtivo, o desenvolvimento socioeconômico e cultural que os governos tanto precisam e a sociedade tanto merece.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Novo artigo científico publicado

Alfabetização cartográfica a partir do esporte de orientação para a compreensão da realidade social | Cartographic literacy from the orienteering sports for the comprehension of social reality

Kleiton Ramires Pires Bezerra, Walter Guedes Silva

Resumo


O objetivo deste trabalho é analisar se o uso do esporte de orientação é um instrumento didático satisfatório à aprendizagem da alfabetização cartográfica, de maneira que o aluno possa aprender não somente ler, mas também compreender a realidade social por meio da correlação com a representação cartográfica. Há necessidade dessa aprendizagem para que os alunos compreendam a importância do  processo de aquisição de conhecimentos sobre a análise e a interpretação de mapas em uma inter-relação com a realidade social. Para a pesquisa foram realizadas leituras de textos que trabalham com alfabetização cartográfica, trabalho de campo com observação participante e aplicação de questionário para os alunos de uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal de Campo Grande (Mato Grosso do Sul). De acordo com a análise dos dados é possível afirmar que o esporte de orientação contribui para a interpretação da realidade social, mas não esgota a necessidade ampla, complexa e contraditória do trato pedagógico das diversas disciplinas na compreensão da temática que se desvela.

Palavras-chave


Alfabetização. Cartografia. Educação esportiva. Geografia.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Publicação no Correio do Estado - "A geografia da inovação"

1 JUL 19 - 01h:00


A geografia é muito importante para a compreensão do complexo processo de geração de conhecimento e inovação. O conhecimento, o processo inovativo e o desenvolvimento são motivados e reproduzidos de forma desigual, principalmente no que diz respeito ao espaço local, regional e temporal.
A inovação não é distribuída aleatoriamente ou uniformemente no espaço, mas, sim, existe uma tendência à concentração espacial, processo que tem se intensificado no decorrer do tempo. Como exemplo, temos as concentrações do Vale do Silício, na Califórnia, e Boston, em Massachusetts, ambas nos Estados Unidos; região de Londres, na Inglaterra; Tóquio, no Japão; recentemente têm-se destacado também Pequim, na China, e Seul, na Coreia do Sul.
A contemporaneidade econômica é caracterizada por alta competitividade, em que o sucesso das empresas depende cada vez mais da capacidade de produzir produtos e processos novos ou melhorados. Um efeito da globalização que é muito difundido é que muitas capacidades e fatores de produção previamente localizados se tornaram onipresentes, ou seja, globais.
No entanto, outro aspecto importante e que muitas vezes é negligenciado pela análise do grande público é a parte do conhecimento não negociável e não-codificável em razão da dificuldade de compartilhá-lo entre longas distâncias.
Um desses elementos é o chamado conhecimento tácito. Com o perdão da simplificação do exemplo, seria como se nós recebemos uma receita da nossa bisavó e tentássemos replicar a distância, provavelmente a receita ficará boa, afinal, o pessoal de antigamente era muito bom na cozinha.
Todavia, tenho quase certeza de que se sua bisavó fizer a receita o resultado será melhor, isso porque ela adquiriu ao longo da vida conhecimento tácito inerente a ela e de difícil formalização (como colocar em um livro, por exemplo), como lidar com imprevistos, escolher melhor os ingredientes, etc.
Do mesmo modo ocorre com o processo de inovação. Nesse sentido, a proximidade espacial ganha destaque como fator de suma importância para explicar as diferenças da atividade inovadora entre regiões. A transmissão de conhecimento tácito necessita de uma linguagem comum e de convenções e normas que possam ser compreendidas pelos envolvidos na troca.
Essas propriedades ajudam a desenvolver confiança, destacam a importância da proximidade espacial e trazem à tona a importância da interação social, ou seja, do contato tête-à-tête.
A ideia de que o conhecimento tácito é o que faz a diferença entre regiões que se destacam por sua capacidade de inovação é de certa forma contra intuitiva. No entanto, considere, por exemplo, que para o surgimento de uma inovação é necessário uma série de testes e experimentos que, na maioria das vezes, acontecem por tentativas e erros.
Quando a inovação acontece, os resultados são documentados e divulgados. Mas note que apenas os resultados positivos geralmente são divulgados. Entretanto, os experimentos falhos e os testes errados foram, provavelmente, de grande importância para a equipe de cientistas que desenvolveu a inovação.
Suponha que a mesma equipe comece a trabalhar no desenvolvimento de uma inovação, essa equipe já possuirá uma bagagem de conhecimento em razão dos seus sucessos e erros, enquanto uma equipe de profissionais de uma região distante, que apenas leu sobre o sucesso da inovação desenvolvida pela primeira equipe, não terá o conhecimento de todas tentativas erradas e frustradas que levaram ao surgimento da inovação.
Isso faz com que a primeira equipe tenha mais experiência do que a segunda, mesmo que as duas tenham lido o mesmo relatório sobre o bem-sucedido desenvolvimento de uma inovação.
Portanto, um ponto essencial que surge no debate da inovação e do conhecimento é justamente a inserção da dimensão territorial nessa análise. Essa inserção ocorre, entre outros motivos, pela existência e importância do conhecimento tácito no processo inovador.
* Mateus Boldrine Abrita Professor, doutor, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
* Rafaella Stradiotto Professora, doutora, da Universidade Estadual de Maringá
* Marcos Paulo da Silva Falleiro Doutorando da Universidade Federal do Rio Grande do Sul