Bom dia!
Há cerca de 20 anos, as
relações estabelecidas pelo professor Tito Carlos (aqui presente), com diversos
grupos de estudos, de instituições nacionais e internacionais, que desenvolviam
pesquisas sobre os aspectos físicos e humanos dos espaços fronteiriços,
impunham a necessidade de criação de um local de encontros, reuniões e
interações interinstitucionais.
Foi com esse propósito
que, em 2002, um grupo de professores da UFMS e de outras instituições,
liderado pelo professor Tito, decidiu criar o Centro de Análise de Difusão do
Espaço Fronteiriços (CADEF), com objetivo de servir como o local das
necessárias relações científicas interinstitucionais e interdisciplinares.
Mesmo localizado no
portão 32 do Estádio “Morenão”, na cidade Universitária da UFMS, em Campo
Grande, o CADEF, a partir de 2006, passou a vincular-se como laboratório do
Campus de Aquidauana da UFMS.
Com a criação, em 2008,
do Mestrado em Estudos Fronteiriços no campus da UFMS do Pantanal, o Cadef
passou a ser o ponto de apoio do novo programa em Campo Grande, abrigando
reuniões e defesas de qualificações e de dissertações, tornando-se a ele também
vinculado.
Desde a sua fundação, os
pesquisadores do Cadef realizaram, ou ajudaram a realizar, inúmeras atividades
acadêmicas e científicas. Dentre as quais eu cito:
>A concepção e a
realização das três primeiras edições do “Seminário Internacional América
Platina”;
>A realização do
“Seminário sobre o Livro Branco da defesa Nacional”; e do “V Congresso Brasileiro
da Defesa Nacional”; ambos em conjunto com o Ministério da Defesa.
>A participação na
“Pesquisa Nacional sobre Segurança Pública em Região de Fronteira”, financiada
pelo Ministério da Justiça, e coordenada pela UFRJ
Devo ressaltar que as
atividades foram sempre concretizadas em parcerias com diversas instituições
públicas e privadas, nacionais e internacionais, como: SEBRAE, UEMS, EXÉRCITO
BRASILEIRO, MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, MINISTÉRIO DA DEFESA, UNIVERSIDADE DE BUENOS
AIRES, COMANDO MILITAR DO OESTE, UFGD, COMANDO MILITAR DO OESTE, CORPORAÇÃO
ANDINA DE FOMENTO e BANCO DE DESAROLLO DE AMERICA PLATINA.
A criação na UEMS do
Grupo de Estudos em Fronteira, Turismo e Território (GEFRONTTER), permitiu o
estabelecimento de frutífera parceria. Em conjunto os pesquisadores do Cadef e
do Gefrontter assumiram a responsabilidade de realizar as seguintes atividades:
>5 edições do “Congresso
Internacional de História Regional”, todos com temática sobre a Guerra da
Tríplice Aliança; realizados no Campus de Aquidauana da UFMS.
>“Seminário sobre o
Forte Coimbra”, com atitivades concomitantes na UEMS-Campo Grande e na UFMS-Aquidauana;
>“VI Seminário
Internacional América Platina”; realizado no SEBRAE
>Coordenação dos
trabalhos que resultaram nos Zoneamentos Ecológico e Econômico, do Estado de
Mato Grosso do Sul e do Município de Campo Grande;
>Visita técnica ao
Forte Coimbra, juntamente com a UFGD e com o CMO, que culminou com a cedência
daquele espaço para a UFGD, numa negociação iniciada pelo CADEF/GEOFRONTTER.
Entre os anos de 2015 e
2018, a pedido do Comando Militar do Oeste, ficou sob a responsabilidade do
CADEF e do GEFRONTTER, a coordenação geral das atividades alusivas às
rememorações dos 150 anos da “Retirada da Laguna”, episódio ocorrido no Sul do
imenso território da Província de Mato Grosso, durante a Guerra da Tríplice
Aliança.
Ao longo dos três anos
foram mobilizadas mais de 30 instituições públicas e privadas, além de
voluntários individuais (artistas, jornalistas, empresários) que culminaram na
realização de eventos culturais, artísticos, científicos, educacionais e
militares que somaram mais de vinte atividades.
As ações conjuntas
Cadef e Gefrontter, acrescentaram novas parcerias àquelas já estabelecidas pelo
Cadef, quando a eles se juntaram a ASSEMBLEÍA LEGISLATIVA DE MS, O TRIBUNAL DE
CONTAS DO MS, A SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DE MS, O IFMS, A UCDB, O
INSTITUTO SOCIAL DO MERCOSUL – ISM, O PÓLO TECNOLÓGICO INTERNACIONAL DE PONTA
PORÃ – PTIn, dentre outras.
Outra importante ação
conjunta foi a articulação que resultou na cedência, pelo Comando Militar do
Oeste, para a UEMS, deste prédio (que aqui estamos), que abriga uma biblioteca com acervo de mais de 2500 títulos de obras sobre fronteira
e as ações militares no Brasil. Um prédio totalmente
mobiliado e equipado para desenvolver atividades de pesquisa, ensino, extensão,
e formação, em temáticas relacionadas à fronteira.
Essa
cedência
resultou na criação do Centro de Estudos de Fronteira “General Padilha” (CEFRONT),
como um núcleo de pesquisas vinculado à unidade universitária de Campo Grande
da UEMS.
Foi aproveitando do
histórico das ações conjuntas e da nova realidade possibilitada pela cedência
deste prédio é que propusemos o Acordo de Cooperação Técnica entre UFMS e UEMS,
para que o CEFRONT posasse a abrigar o CADEF (equipamentos e banco de dados) e
os seus pesquisadores pudessem desenvolver ações conjuntas, agora de caráter
institucional.
O projeto que dará o
pontapé inicial na nova conjuntura é a pesquisa: ANÁLISE ESPACIAL EM REGIÃO DE FRONTEIRA: Um estudo sobre os aspectos
ambientais e socioeconômicos da fronteira de Mato Grosso do Sul com Bolívia e
Paraguai, em que estão envolvidos todos os pesquisadores docentes e
acadêmicos da UFMS e da UEMS, vinculados ao Cadef e ao Cefront.
Este acordo agora
assinado entre a UFMS e a UEMS, para a junção de esforços entre Cadef e
Cefront, propiciará maior conforto aos pesquisadores e acadêmicos, além de mais
agilidade aos trabalhos, garantindo melhores serviços à sociedade em geral.
Devo destacar ainda a
realização dos projetos: O turismo sustentável
como campo de possibilidade para o desenvolvimento local em Mato Grosso do Sul; e ÁGUAS TRANSFRONTEIRIÇAS - um olhar sobre as questões
socioambientais nos municípios da fronteira oeste de Mato Grosso do Sul, já cadastrados no
sigproj e em vias de serem iniciados.
Saliento ainda que esses
três projetos de pesquisas mencionados estão diretamente relacionados com as
discussões e ações sobre a Rota Bi-oceânica, em que UFMS e UEMS encontram-se
diretamente envolvidas.
Reitor Turine e
Pró-reitores Nalvo e Marcelo
Recentemente, por
intermediação do Instituto Social do Mercosul, a UEMS se aliou a universidade
de Extremadura da Espanha e mais cinco universidades sul-americanas e uma
portuguesa, para apresentar à União Europeia o projeto ARANDU.
Esse projeto pretende
possibilitar a transferência de experiências entre universidades da Europa e da
América Latina, sob a liderança da Universidade de Extremadura e com a parcerias
de entidades que pertencem a Euro-região EuroACE, englobando Espanha e Portugal.
Com o objetivo de
amenizar os problemas resultantes de áreas com população baixa e tendência ao
envelhecimento e pouca formação profissional, existente em algumas regiões da
EuroACE, se buscará trocar informações e, graças a disponibilização de dados desses
setores, colocar em prática, nas fronteiras dos países que compõem o Mercosul, alguns
mecanismos para analisar objetivamente o mercado de trabalho e melhorar a
empregabilidade.
Isso certamente coaduna
com a proposta política defendida e desenvolvida pela vossa gestão na UFMS.
A responsabilidade para
a execução do projeto ARANDU na fronteira entre Brasil e Paraguai e Brasil e
Argentina será dividida entre a UFGD e a UEMS que, para tanto, contará com o
apoio e a cumplicidade da parceria Cadef/Cefront, agora institucionalizada
neste ato.
Por isso, todos nós que
estamos diretamente envolvidos com esta parceria, agradecemos aos reitores
Marcelo Turine e Fabio Edir, em entender a importância das ações conjuntas ora
apresentadas e da realização desse acordo de cooperação, que permitirá além da
otimização de recursos e do compartilhamento de informações e dados entre Cadef
e Cefront, também a realização do projeto ARANDU.
Devo ressaltar que o
momento atual de instabilidades e indefinições em relação ao futuro do financiamento
das pesquisas no Brasil exige ações criativas e inovadora.
Nesse sentido, o acordo
agora assinado representa um passo importantíssimo na captação de recursos para
a pesquisa, extensão e inovação, tanto em órgãos públicos de fomento, quanto na
iniciativa privada e exigirá a todos os envolvidos, maior empenho e dedicação.
Senhores reitores e
demais autoridades, queridos amigos...
Eu não poderia terminar
esta fala sem fazer uma menção muito especial à memória do professor Roberto
Ortiz paixão.
Como idealizador e
fundador do Gefrontter as ações do professor Roberto foram fundamentais para a
cedência deste espaço do CMO para a UEMS e para a realização das atividades que
resultaram na assinatura deste acordo de cooperação.
O Aguçado senso
crítico, o humor inabalável, o forte espírito de liderança e a grande
capacidade de negociação e aglutinação, foram as características do Roberto que
despertaram admiração e respeito por parte de todos que o conheciam.
Foram essas
características, inclusive, as determinantes para a sua candidatura a
vice-reitor da UEMS, mesmo já tendo desenvolvido a doença que acabaria por
abreviar a sua existência, ainda em plena capacidade laborativa e intelectual,
tolhendo os seus familiares e amigos da prazerosa companhia.
A sua precoce partida
deixou o vazio da sua presença...
Mas o tempo de
convivência deixou um cabedal de ensinamentos e boas recordações, que só podem
ser expressos na mais significativa das palavras exclusivas da língua
portuguesa A SAUDADE.
Por isso peço permissão
a todos, e em especial a Maria Helena, para não terminar esta fala com uma saudação,
como é o usual,
Mas, para termina-la
pedindo que os músicos Gilson Godoy e Vinicius Pereira toquem a música que foi
escolhida como Hino das américas e que, como música predileta, despertava muita
emoção ao nosso amigo Roberto:
EL CONDOR PASA!