segunda-feira, 3 de junho de 2019

Professor francês, premiado com Nobel de Geografia, faz parte de Pesquisa na UEMS/Jardim

Por: Liziane Zarpelon | Postado em: 17/05/2019
Desde o início desse mês, o professor francês emérito da Universidade de Paris-Sorbonne IV - Paul Claval – ganhador do Prêmio Vautrin Lud 1996 (Nobel da Geografia) faz parte do Grupo de Pesquisa “Dinâmicas territoriais e espaços fronteiriços: produção do espaço, globalização e urbanização” do curso de Geografia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), unidade de Jardim. A pesquisa é coordenada pela Professora Juliana Luquez, docente do curso.
“ O Professor Claval foi o supervisor da minha pesquisa de doutorado-sanduíche na Universidade de Paris IV no ano de 2017. A pesquisa teve como título: Transformações socioespaciais em Paris: princípios interpretativos e o léxico conceitual na compreensão da produção do espaço. O conhecimento amplo do professor Claval em Geografia Humana e sua relação estreita com a Geografia Brasileira faz com que a colaboração dele no projeto seja um compromisso internacional de divulgação da análise sobre os processos espaciais em áreas de fronteiras”, explica Juliana.
O grupo de pesquisa está cadastrado na plataforma do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e tem uma proposta de prática social, de caráter científico e de formação acadêmica. O grupo conta com a participação de pesquisadores colaboradores das Unidade Jardim e Campo Grande e outras instituições públicas de ensino superior, como: USP, UERJ, UFMS, UNIFESSPA, UFRN e IFRO. Além de cinco alunos do curso de Geografia da UEMS/Jardim na composição da equipe de pesquisa. A pesquisa terá duração de dois anos, seguindo até abril de 2021.
Sobre a pesquisa:
A amplitude e a intensidade dos processos socioespaciais nas fronteiras do Brasil exigem que se estabeleça uma pauta teórico-metodológica para seu estudo. A análise da dinâmica territorial e da acumulação das bases sociais historicamente construídas, que conformaram a extensa faixa de fronteira do Brasil, é fundamental para a compreensão da formação e transformação socioespacial brasileiras.
Essa realidade, em constante movimento de estruturação/reestruturação do espaço, coloca no centro do debate as cidades e o fenômeno urbano nos espaços fronteiriços, uma vez que é pela dinâmica urbana que as interações e articulações entre os territórios se intensificam. A referência à análise do Estado de Mato Grosso do Sul se coloca como um quadro auxiliar para a sistematização dos estudos sobre fronteira e territorialidades nos dias de hoje.
A maior ambição desse projeto de pesquisa repousa no resgate à noção de fronteira, esvaziada do debate do processo de produção do espaço e das dinâmicas territoriais brasileiras (ANDRADE, 2004). E o ponto alto, justifica-se no regaste dessa noção considerando as cidades como elemento de maior dinamismo nos espaços fronteiriços (HOLANDA, 1995), pois se outrora a fundação e a estruturação das cidades serviram como instrumento de dominação, ora o processo de reestruturação do espaço urbano nos permite uma possibilidade interpretativa dos processos de acumulação e reprodução do capital (SMITH, 1988).
Tendo em vista que o território brasileiro possui 17 mil quilômetros de fronteira com os demais países latino-americanos (Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa), 588 municípios constituídos na faixa de fronteira e aproximadamente 10 milhões de habitantes fronteiriços (IPEA/IBGE, 2017), o grupo de pesquisa busca abarcar a diversidade dos fenômenos sociais e das dinâmicas espaciais em áreas fronteiriças. Estabelecido a partir de três eixos de pesquisa, I. Fronteira, território e globalização no século XXIII. Dinâmicas nos espaços fronteiriços: circulação, desenvolvimento e natureza; III. Espaços da urbanização: viver na cidade, viver na fronteira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário